sábado, janeiro 01, 2011

Os Ramos da Árvore

Não entendo amor por obrigação; ama-se quem se quer amar, afinal o amor é um bem universal, não se limita a finitude da encarnação; amamos muitas vezes quem não devíamos amar, mas esse 'devíamos' advém de alguma normativa social. Não demonstrar não significa esquecer ou deixar de sentir afeição pelo tal objeto indigno de amor. Cada regra exigirá de seus usuários o dever de amar. Se amar é dever, não há sentido real, pois a cerração dos lábios não poderá cravar seu desdém no afeto tão estimado por seu nutridor. O amor, não vai à busca de trair, ou causar dor por meio da volubilidade, leviandade ou das falsas demonstrações de afeto. Ele não nasce conosco, atravessa o tempo e o espaço em busca de restaurar o mítico; a flechada de Eros; a união tão esperada pela eternidade do espírito. Esse desejo de fundir as almas que nasceram juntas, de retomar as metades tornando-as uma. Assim como não sentiremos somente afeto, amor, carinho por aqueles que nos são destinados a convivência.
O amor indentifica-se-á aos seus, de modo pouco compreensível à lógica, mas de total coerência para os sentimentos. Ele entusiasma, extasia, compartilha de um bem querer profícuo, ubérrimo, exortador da bem aventurança, incitador do lado mais luminoso da existência; e como tal não poderia corromper-se, daí sua capacidade de não poder ‘julgar’, ele não vê com olhos mortais, ele reconecta, fusiona e por fim revela a alma o objeto observado pelas lentes da alma. Ele cria a encruzilhada, cruza destinos, caminhos, escolhas. Mas só nós somos capazes de vivenciar a escolha de se religar as partes. Por vezes a corrupção, o declínio se faz não no amor, este é incorruptível. Deformamos nosso caráter, a partir daí nossas escolhas serão corrompida, minada, pelo nosso próprio descrédito, descaso. Nada vingará de verdadeiro, pois tudo é falso em sua crosta externa. O Amor lhe rogará a reparação dos danos causados, para que possa viver em plenitude, e possa manifestar suas benesses ao longo do tempo espaço. Passamos mais tempo reparando os males causados que vivenciando os prazeres de nos fundirmos em um. Não há conceituação de bem ou mal, só desejo e reparação no final.


"Seja digno de uma única bênção e muitas outras virão"